Clari Schuh
Diretora de Comunicação do Sindicontábil Vale do Rio Pardo
Integrante da Comissão de Estudos de Acompanhamento da Área do Ensino Superior do CRC/RS
A desigualdade de gênero é um tema antigo, porém atual e afeta a sociedade. Uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) evidencia que as mulheres, apesar de possuírem níveis educacionais maiores que os homens, ganham cerca de 20% menos do que os homens no Brasil.
E essa desigualdade de gênero manifesta-se não apenas no âmbito salarial, o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa realizou uma pesquisa no final de 2022 analisando a participação das mulheres em conselhos e diretorias das empresas de capital aberto e observaram que mulheres em posições de liderança ainda são uma minoria nas organizações. Das empresas pesquisadas, 78,9% contam com mulheres em seus conselhos e/ou diretoria. Contudo, de 5.424 profissionais analisados, apenas 14,3% são mulheres.
De acordo com o Instituto, organizações com maior diversidade de gênero na alta liderança alcançam melhores resultados financeiros. Este resultado é confirmado por diversas outras pesquisas, e vai ao encontro da Teoria da Dependência de Recursos que prevê que a composição diferenciada e refinada do Conselho de Administração pode ser um gatilho preditor de diferentes expertises. Ou seja, mulheres e homens biologicamente são diferentes, logo, trazem entendimentos diferentes na forma de agir, pensar e ser no mercado de trabalho. E essas diferenças devem ser vistas de forma positiva e utilizadas, até mesmo, de forma estratégica.
Muitas empresas já entenderam essas diferenças e as utilizam estrategicamente. Empregar a diferença entre homens e mulheres de forma positiva, agregadora e construtiva é o caminho a ser seguido. Perceber que existem diferenças, e dar valor a elas, é o que faz com que tenhamos um mercado de trabalho com desigualdades de gêneros positivas.
Apesar dos diversos desafios enfrentados, as mulheres têm conquistado cada vez mais espaço no mercado de trabalho da contabilidade. De acordo com o Conselho Federal de Contabilidade, o percentual de mulheres no mercado contábil no Brasil é de 43,36% e no estado do Rio Grande do Sul este percentual sobe para 49,23%. Ou seja, quase metade da força de trabalho nesse setor é de mulheres.
Na liderança da classe contábil destaca-se a contadora Maria Clara Cavalcante Bugarim, que foi eleita presidente do Comitê de Integração Latino Europa-América, em 2022. Assim como já presidiu a Associação Interamericana de Contabilidade, o Conselho Federal de Contabilidade, a Fundação Brasileira de Contabilidade. Também, em 2018 o Conselho Regional de Contabilidade do Rio Grande do Sul, teve a primeira mulher a assumir a presidência da entidade, em 70 anos de fundação, a contadora Ana Tércia Lopes Rodrigues.
Assim, percebe-se a quebra de paradigmas e o protagonismo feminino vem estabelecendo um novo padrão corporativo com a presença de mulheres em posição de liderança. Desta forma, desejamos a todas as Mulheres da Contabilidade, um Feliz Dia da Mulher!